Com escola de samba, banda e coquetel, Alesp homenageia 'aposentado' Milton Leite, e União Brasil mira na sucessão de Tarcísio
27/06/2025
(Foto: Reprodução) Aliados do presidente do União Brasil dizem que ele vai abandonar a aposentadoria para 'arrumar a casa' e pôr fim às disputas pela sucessão do governo de São Paulo no próximo ano, caso Tarcísio resolva concorrer à Presidência da República. O ex-vereador Milton Leite (União Brasil) recebe o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a maior honraria da Alesp.
Divulgação/Alesp
De olho na sucessão eleitoral do estado de São Paulo em 2026, o União Brasil fez um grande evento nesta sexta-feira (27) para homenagear o ex-presidente da Câmara Municipal, o vereador aposentado Milton Leite, presidente estadual da legenda.
As principais lideranças do partido se reuniram no plenário principal da Assembleia Legislativa de SP para conceder ao ex-todo poderoso presidente do Legislativo paulistano o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a maior honraria da Alesp.
Leite está fora dos holofotes desde 1° de janeiro, após ter desistido de se reeleger vereador para "ir pescar, cuidar da saúde, da família e dos negócios".
A homenagem desta sexta (27) foi proposta pelo neófito deputado estadual Rafael Saraiva (União), conhecido pelas causas animais e um dos inúmeros "afilhados" políticos da família Leite.
O evento, cheio de pompa, teve a reserva de dois auditórios da Alesp para a claque da família oriunda da Zona Sul de São Paulo, amigos e aliados, além do uso do Hall Monumental da Casa para um coquetel em homenagem ao ex-vereador.
A entrega da medalha teve apresentação da Banda da Polícia Militar e encerramento de passistas e baianas da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, do Grajaú, onde Milton Leite e os filhos são patronos.
Com a presença de secretários do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e até lideranças estaduais do PT, a entrega da medalha foi tida por aliados como um gesto de agrado para o dirigente do União Brasil voltar à arena política e “colocar ordem” nas disputas internas entre os partidos de direita que querem assumir a cabeça de chapa de uma eventual sucessão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no Palácio dos Bandeirantes.
Atualmente, as legendas que apoiam a gestão Tarcísio estão em compasso de espera para saber se o atual governador de São Paulo será candidato à reeleição em 2026 ou vai se aventurar em uma candidatura presidencial contra o presidente Lula (PT).
Escola de Samba Estrela do Terceiro Milênio, do Grajaú, se apresenta na Alesp durante homenagem a Milton Leite (União Brasil).
Divulgação/Alesp
Em caso de opção pela candidatura ao Planalto, o governador bolsonarista terá que escolher na sua base quem será o candidato do campo bolsonarista ao governo de SP no próximo ano.
Candidatos não faltam. Todos os principais partidos da aliança querem assumir a cabeça de chapa. Entre os principais nomes, estão o presidente da Alesp, André do Prado (PL), o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o secretário de governo Gilberto Kassab (PSD) e até o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, do mesmo Republicanos de Tarcísio.
Outro candidato forte à sucessão é o secretário da Segurança Pública Guilherme Derrite, que migrou para o PP justamente de olho na eleição do próximo ano.
Embora negue publicamente que seja candidato ao governo paulista e afirme que o objetivo é se lançar ao Senado por SP, no PP o presidente nacional da sigla —Ciro Nogueira— já revelou publicamente que, em caso de desistência de Tarcísio à reeleição em SP, Derrite é candidato à cadeira de governador.
Segundo os integrantes do União Brasil, Milton Leite está sendo chamado de volta da aposentadoria e das pescarias no litoral paulista para justamente "colocar ordem" na base e fazer com que os partidos paulistas cumpram os acordos fechados pelo próprio Leite desde a gestão João Doria (ex-PSDB).
Sucessão de Tarcísio: Kassab (PSD), André do Prado (PL), Rodrigo Manga (Republicanos) e Ricardo Nunes (MDB) querem se candidatar ao governo de São Paulo e abrem disputa interna na base.
Montagem/g1/Divulgação/Alesp/GESP
“Um político como Milton Leite jamais pode ficar na reserva e ser escanteado. Com essa fusão e formação da federação partidária entre PP e União Brasil, a nossa legenda ganha força inclusive no cenário nacional”, disse o ex-vereador Adilson Amadeu (União), aliado de primeira hora de Leite na Câmara Municipal.
“Grandes políticos tem vaidade e acredito que ele também tenha e precisa ser reconhecido. Então, esse é um chamado mesmo para que ele volte à vida pública pra fazer o que ele fez toda a carreira de vereador: honrar a palavra dada”, disse Amadeu.
Em conversa com o g1, o filho mais novo de Milton Leite, o deputado federal Alexandre Leite, disse que a fusão partidária entre União Brasil e o Progressistas (PP), anunciada nacionalmente, dá força política para o partido susceder Tarcísio em São Paulo.
“Meu pai nunca saiu de cena. Só deixou a vereança em SP, mas continua a articulação política e, com a fusão dos partidos, ele vai sim organizar o xadrez. Porque a fusão pode transformar o União Progressista [novo nome da federação partidária] na maior legenda do país nas próximas eleições. E ele [meu pai] tem essa missão de conduzir pro futuro aqui no estado de SP”, afirmou Alexandre.
“A situação [da base] é muito complexa e exige uma liderança forte como a do meu pai. Tudo, claro, vai depender do Tarcísio. Tem muita gente sonhando com o governo do Estado, mas esse sonho pode ser frustrado. Basta o Tarcísio dizer que fica [vai tentar a reeleição ao governo paulista]”, declarou.
Alexandre Leite é deputado federal licenciado e secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de São Paulo nesta 2ª gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Outro amigo pessoal de Milton Leite que compareceu à homenagem é o ex-deputado estadual Antônio Goulart (PSD) – cujo filho, Rodrigo Goulart, também é secretário de Nunes na prefeitura de SP. "Goulart pai", como é conhecido, é aliado de Leite na política e dentro do conselho do Corinthians, onde ambos têm assento.
Ele admitiu que Kassab é um nome posto como concorrente ao governo paulista em 2026.
“Caso o Tarcísio saia para presidente, nós vamos sim lutar pela sucessão do governador. O PSD tem musculatura, tem muitos prefeitos pelo estado e ganhou relevância eleição após eleição. O Kassab não dá ponto sem nó. E caso o Tarcísio fique em SP, a gente vai trabalhar para que o Ratinho Jr seja candidato à presidência”, disse ao g1.
Milton Leite (União Brasil) discursa na Alesp após receber o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, nesta sexta-feira (27).
Divulgação/Alesp
No discurso de agradecimento à medalha, Milton reconheceu a missão de organização da nova federação.
“Vou ficar na presidência estadual do União Progressista no estado porque há um acordo nacional para isso. Temos o compromisso de eleger grandes bancadas. Isso aumentou o peso nas minhas costas. Eu fico na política por mais esse período de transição, até a próxima eleição municipal, que tem mais ou menos três anos”, declarou.
Ele também mandou recados para a base aliada de Tarcísio sobre o "empenho da palavra" nos acordos costurados nas últimas das eleições na capital e no governo de SP.
“Procure não dar a palavra. Mas se der: honre. Reflita mil e uma vezes. Faça valer a sua palavra. Aqueles que se candidatam a cargos eletivos, não peçam nenhum voto em nome da mentira. Não faça falsa promessa para obter vantagem. Você estará pavimentando o futuro com brilhantismo”, declarou.
No evento, Milton reiterou a imagem de força política, ao dizer que fala todo dia com lideranças de todas as áreas.
Uma delas é o atual presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira, que diz conversar com seu antecessor todos os dias por telefone.
“Ontem mesmo eu liguei para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ele me atendeu na primeira ligação”, contou Milton. “Não se abandona soldado ferido no caminho. Estenda a mão aos amigos nos momentos difíceis. Isso é muito importante para o futuro. Porque na hora do churrasco todo mundo aparece, mas na hora que alguém tá nos noticiários não aparece um."