Como o principal porto público do Maranhão impacta nas exportações e desenvolvimento econômico

  • 11/05/2025
(Foto: Reprodução)
Crescimento do PIB maranhense na área agrícola e investimentos explicam como as exportações pelo Porto do Itaqui são cada vez mais essenciais para a geração de emprego e renda no estado. Porto do Itaqui, em São Luís Divulgação Em uma economia cada vez mais global, nos últimos anos o Maranhão tem voltado a atenção para investimentos públicos em setores com potencial para exportação de produtos locais, como os grãos. Clique e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp Na Região Sul do Maranhão, por exemplo, a produção de soja e milho se tornou uma das principais forças econômicas relacionadas diretamente à crescente demanda de países estrangeiros interessados em grandes importações de commodities agrícolas, como a China, entre outros países. Nesse cenário, o desenvolvimento de uma estratégia de escoamento da produção de forma eficiente se tornou essencial, e o maior e principal porto público do Maranhão, o Porto do Itaqui, é o caminho mais curto para as rotas internacionais. O Porto do Itaqui, em 1993, foi o principal motivo da reunião dos empresários rurais migrantes da soja terem criado a Fapcen. Hoje, justamente essa porta de entrada aos mercados internacionais viabiliza a grandeza que o agronegócio representa não somente ao Maranhão, como estados vizinhos que preferem este canal de escoamento" Segundo o governo estadual, só entre janeiro de 2019 e junho de 2022, o Porto do Itaqui recebeu investimentos com recursos públicos no valor de R$ 299 milhões, além de R$ 2,7 bilhões em recursos privados. As aplicações visaram facilitar a escoação da produção, o que também permitiu a geração de empregos ao longo do percurso, como é o caso do Daniel Grolli, diretor-executivo de uma empresa de produção de sementes de soja, na Região Sul do Maranhão. Agronegócio faz parte dos caminhos para o desenvolvimento do Maranhão Reprodução/TV Mirante Ao todo, são 90 funcionários, entre produtores, tratoristas, operadores, gerentes, contabilidade, jurídico e administrativo. Segundo Daniel, cerca de 80% da mão de obra empregada é resultado do Porto do Itaqui, pela facilidade proporcionada na exportação de sua produção. "Acreditamos que se a gente não tivesse essa exportação, nós seríamos 20% do tamanho que temos hoje. Então esse sucesso todo é devido à exportação que acontece pelo porto, porque o navio é a forma mais barata de você levar commodity para o outro lado do mundo. Senão a gente atenderia só o mercado regional, o que é muito menor e iria saturar muito rápido", afirma Daniel. O agro vai mudar a realidade do Maranhão porque há terra e há clima. O que faltam são agricultores. Muitos já estão vindo de outros estados. O agro emprega muita gente e também paga bem" José Gorgen é produtor rural no Maranhão e vê com bons olhos o futuro do setor para o estado Arquivo pessoal José Gorgen é produtor rural no Maranhão e vê com bons olhos o futuro do setor para o estado Arquivo pessoal Produção em alta = necessidade de exportação No Maranhão, de acordo com dados do IBGE , o PIB cresceu 3,4% em 2024. No último quadrimestre, só o setor de agropecuária cresceu +2,7%. No caso da produção de grãos, houve um crescimento de 1,5%, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Dentre os principais fatores de crescimento está a maior demanda da China, que foi o país com maior interação comercial do Maranhão com o exterior. Ao todo, foram US$ 1,8 bilhão em valores adquiridos por exportação, sendo a soja e o algodão bruto os principais produtos adquiridos pelos chineses, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Principais produtos exportados pelo MA em 2024 “Neste ano, tivemos a maior movimentação de soja da história no mês de abril, com mais de 2 milhões de toneladas. No quadrimestre movimentou 4,6 milhões”, informou Gisela Introvini, representando a Fapcen, sobre os dados de 2025. Retorno dos investimentos Ainda segundo Gisela, o aumento na produção agrícola possui relação direta com os investimentos estratégicos em logística portuária, e vice-versa, pois a própria expansão do Porto do Itaqui traz motivação aos empresários para investir no crescimento da produção de grãos, já que existe maior confiança de que o produto chegará ao destino com qualidade. “Face elevados investimentos na modernização, versatilidade e flexibilidade em várias operações, a exemplo do "ship-to-ship", o Porto do Itaqui se tornou o principal Porto do Arco Norte", explica. 💡Contexto: ship-to-ship (STS) é uma manobra de transferência de carga entre navios, que pode reduzir em até 1/3 o tempo da operação, evitando, também, taxas portuárias e outros custos. Porto do Itaqui no Maranhão. Divulgação/EMAP Os investimentos no porto se refletiram nos números. Conforme dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), em 2023 o Porto do Itaqui chegou à 4ª posição dentre os maiores portos públicos do Brasil e tem sido assim desde então. Veja também: Porto do Itaqui exporta primeira carga de aço maranhense Em 2024, o Itaqui apresentou volume movimentado de 34 milhões de toneladas. O volume foi inferior ao de 2023, mas com recorde na movimentação de soja (13,74 milhões de toneladas), fertilizantes (4 milhões de toneladas) e de alumínio, com aumento de 193%. “Importo 100% dos fertilizantes, que são embarcados no Porto até minha fazenda. Além disso, 50% da produção de grãos são exportados, levado para o Itaqui nos armazéns da trading que negocia a soja ou milho com compradores internacionais”, conta Daniel Grolli. Daniel Grolli (mais alto à esquerda) é empresário no setor de produção de grãos de semente de soja Arquivo pessoal Porto do Itaqui e o Tegram Apesar do aumento no volume de exportação nos últimos anos, os números nem sempre foram os mesmos, já que, no decorrer da história do agronegócio, o Porto do Itaqui e os produtores maranhenses passaram pelo desafio de terem uma produção muito maior do que o consumo, no Arco Norte. Por causa da carga excedente e da falta de um lugar para armazenar grãos, era comum haver congestionamento no porto e parte da produção precisava ser levada para portos das Regiões Sul e Sudeste, por meio de caminhões. Reportagem do JM2 sobre a construção do Tegram, em 2012 Em 2012 iniciou-se as discussões para resolver o problema e em 2015 nascia o Terminal de Grãos (Tegram), que permitiu que a produção ficasse armazenada com segurança e qualidade até a exportação pelo Porto do Itaqui, que é mais próximo. "Foram muitas as melhorias para o aumento na produção, com destaque para o Tegram e a construção, impulsionamento e ampliação de berços de atracação, com uma atenção especial à recepção de fertilizantes e a exportação de grãos. O Porto atende hoje mais de três estados, além dos estados do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)", destaca Gisela. Gisela Introvini (ao fundo, no centro, usando preto), durante reunião das 'Mulheres do Agro Ouro', que ajuda a integrar e apoiar mulheres no agronegócio. Divulgação/Mulheres do Agro Ouro Ao longo de uma década, o terminal movimentou 84,3 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja, que consolidaram o porto como um dos principais corredores de exportação de grãos do Brasil. Em 2025, o Tegram proporciona a criação de cerca de 400 vagas de trabalho diretas e está em fase de expansão. Em 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos aprovou um projeto em infraestrutura para aumentar a capacidade de escoamento do terminal de 15 milhões para 23,5 milhões de toneladas ao ano. Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) no Porto do Itaqui (MA), quando foi inaugurado TV Mirante Projeções para o futuro Para 2025, o Porto do Itaqui possui metas ousadas, com investimentos e parcerias que visam modernizar as operações, aumentando a capacidade de escoamento das produções, de forma sustentável. A projeção em movimentação é de crescimento de mais de 1 milhão de toneladas, com a meta de chegar a 35 milhões de toneladas por causa da supersafra de soja e aumento nas exportações de fertilizantes e minerais. Em paralelo, existe a construção do 'Novo Berço 98', que permitirá a atracação de mais navios de grande porte. Dessa forma, seria possível aumentar a capacidade de escoamento do terminal de 15 milhões para 23,5 milhões de toneladas ao ano. Atualmente, cerca de 20% das atividades estão concluídas, com previsão de finalização da obra em outubro de 2026. Vista de parte do Porto do Itaqui em São Luís (MA) Divulgação/Porto do Itaqui Além disso, existe a parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) para a melhoria dos processos no Porto do Itaqui. Uma das iniciativas reúne programas, como a Residência Portuária em Inovação, o Jovem Tech e o Programa de Apoio à Pesquisa no Porto, que busca construir parcerias com as universidades locais para promover soluções voltadas aos desafios enfrentados pelo Itaqui. Segundo produtores agrícolas, dentre os desafios atuais está a redução na espera de caminhões para embarque da soja e desembarque de fertilizantes, além do aumento na capacidade de receber navios. "O Itaqui é o principal porto de exportação dos grãos, não somente do estado Maranhão, mas de vários estados, como Piauí, Tocantins, Pará, dentre outros. Atualmente, precisamos de ampliação e mais modernização em berços no Porto para termos vários carregamentos ao mesmo tempo, mesmo com elevação e baixa da maré, ou com chuvas em excesso", afirma José Carlos de Paula, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Maranhão (Aprosoja/MA). Terminal de Grãos do Maranhão começa a fazer testes com drones O Porto do Itaqui também lançou a Aliança para Descarbonização de Portos, agregando quase 50 empresas e instituições para tornar o primeiro porto público brasileiro a implantar um programa de descarbonização em suas operações. Já pelo lado dos agricultores, a busca tem sido por novas tecnologias que ajudem a otimizar o transporte e a produção de alimentos usando menos adubo ou menos defensivos agrícolas, por exemplo. Modernização da agricultura oferece oportunidades para quem domina a tecnologia Desse modo, quem domina as novas tecnologias para o setor rural tende a ser recompensado pelo mercado de trabalho, no Maranhão e em todo o país. "Hoje em dia, o que mais se busca [no agronegócio maranhense] é tecnologia, seguido por pesquisa", afirma Daniel Lech, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas. Na série 'Agro: A indústria-riqueza do Brasil', o g1 apresenta ainda as diversas faces da agricultura, pelo qual quase oito bilhões de habitantes da Terra dependem para viver. DE ONDE VEM: série do g1 mostra a origem dos alimentos consumidos no país Confira as etapas de produção e as mãos que sustentam, por meio da agricultura, os principais momentos do ser humano ao fornecer comida, cultura, beleza e saúde. Vídeos Agro - A Indústria Riqueza do Brasil

FONTE: https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2025/05/11/como-o-principal-porto-publico-do-maranhao-impacta-nas-exportacoes-e-desenvolvimento-economico.ghtml


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