Referência geográfica e afetiva: entenda importância de rio na história de Piracicaba
01/08/2025
(Foto: Reprodução) Piracicaba 258 anos: entenda por que o Rio Piracicaba é coração da cidade
Piracicaba completou 258 anos nesta sexta-feira, 1° de agosto. O começo dessa história foi com o rio, que dá nome à cidade e é um personagem central da vida, da cultura e da história local (saiba mais abaixo).
Para muitos moradores, o rio é considerado um membro da família, um companheiro de infância e uma referência geográfica e afetiva.
É o caso das irmãs Leonice e Lídia Guarda, que cresceram às margens do Rio Piracicaba. “Toda vida, nós brincamos nesse rio. Eu aprendi a nadar nesse rio”, conta Leonice à EPTV, afiliada da TV Globo.
Receba no WhatsApp notícias da região de Piracicaba
A casa onde vivem até hoje foi também o lar dos 11 filhos da mãe delas, dona Amélia. A dupla é uma amostra de muitos piracicabanos, que mantêm hábitos simples, o sotaque caipira e a tradição na cidade que, mesmo urbanizada, conserva um jeito interiorano de ser.
“A gente consegue ver a população piracicabana, mesmo que não tenha nascido aqui, abraçar essa cultura caipira. O jeito de falar, o jeito de se cumprimentar na rua... Piracicaba é uma cidade grande, quase com meio milhão de habitantes, mas com um ar de interior ainda”, contextualiza o historiador Maurício Beraldo.
Irmãs Leonice e Lídia Guarda
Wesley Almeida/ EPTV
Início de Piracicaba
Em 1767, um pequeno povoado começou a se formar às margens do rio, ponto de parada de tropeiros que seguiam rumo ao centro-oeste do Brasil em busca de ouro.
No livro de registro mais antigo do Acervo Histórico da Câmara dos Vereadores, há um registro dos moradores e do padre da época, que pediram para que a vila inicial se deslocasse para a margem esquerda do rio, onde havia melhores condições para o cultivo e a construção de igrejas, casas e fazendas.
Com o tempo, o povoado se tornou a Vila Nova da Constituição e, mais tarde, em 1856, foi elevada à categoria de cidade. Mas só foi em 1877 que o nome Piracicaba, que em tupi-guarani significa “lugar onde o peixe para”, foi oficializado. Desde então, o rio se tornou parte inseparável da identidade da cidade.
Ao longo dos anos, o desenvolvimento industrial, especialmente nos setores de metalurgia e equipamentos para a produção de açúcar, impulsionou a economia local. Mas foi o aspecto simbólico do rio que o transformou em um patrimônio afetivo.
“Como a cidade cresce e se desenvolve na beira do rio, a gente vai tendo festas e festividades na beira do rio, como a Festa do Divino. São práticas culturais que as pessoas adaptam ao rio”, explica o historiador.
Vista aérea do salto do Rio Piracicaba, em Piracicaba
Wesley Almeida/ EPTV
'Meu sonho era ter um barco'
O guia de pesca Gian Carlos Machado, que tem mais de 25 anos de experiência no rio, cresceu acompanhando o pai comerciante na Rua do Porto.
“O sonho de todo menino era ter uma moto, o meu era ter um barco”, revela Gian.
Ele explica que o Rio Piracicaba exige cuidado e atenção por parte dos frequentadores por conta da estrutura rochosa e desníveis.
“Ao mesmo tempo em que você está com 40 centímetros de profundidade, você dá dois passos e chega a quatro, sete metros de profundidade [...] é perigoso”, explica.
Gian Carlos, guia de pesca no Rio Piracicaba
Wesley Almeida/ EPTV
Rua do Porto e a gastronomia de rio
O turismo piracicabano cresceu ao redor do rio, cartão-postal da cidade. Às margens do corpo d'água, a Rua do Porto foi transformada em um polo cultural e gastronômico.
“Se você vem a Piracicaba e não vai à Rua do Porto é a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa”, brinca Alayde Pecorari , fundadora de um dos primeiros restaurantes do local.
Dos 88 anos de Alayde, 65 foram dedicados à cozinha. De acordo com a cozinheira, a moqueca de pintado, feita com ingredientes frescos e temperos tradicionais, é o prato que mais atrai moradores e turistas.
Restaurantes na Rua do Porto, em Piracicaba
Wesley Almeida/ EPTV
VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e Região
Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba