Setor de calçados enfrenta tarifaço de Trump nos EUA e concorrência chinesa dentro do Brasil

  • 15/09/2025
(Foto: Reprodução)
Setor de calçados enfrenta tarifaço de Trump nos EUA e concorrência chinesa dentro do Brasil Os números de atividade da economia brasileira ainda não refletem efeitos do tarifaço americano sobre os nossos produtos de exportação – que só começou em agosto. E, desde então, ele tem afetado duplamente o setor de calçados. Estoque cheio de sapatos, em uma fábrica. E a produção quase parando, em outra. O tarifaço tornou inviável exportar para os Estados Unidos, que é o principal parceiro comercial das empresas de calçados de Franca, no interior de São Paulo. "Nós tivemos algumas demissões. Tão cumprindo avisos. E férias, nós estamos dando. Tem 60% em férias. Está muito crítico, muito difícil de administrar", comentou o diretor industrial, José Aparecido da Silva. O setor sentiu o golpe em todo o país. Na comparação com 2024, a partir de fevereiro, a soma do faturamento com exportações foi positiva, mês a mês. Mas ficou negativa depois que entrou em vigor a taxa de 50% que o governo americano adotou para produtos brasileiros. Em agosto, a queda na receita foi de 9,1% em relação ao mesmo mês de 2024. A economista Priscila Linck, que coordena análises de mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, explica que foi como acelerar os negócios em marcha a ré. "O impacto negativo do mês de agosto não só corroeu aquele ganho positivo acumulado como converteu o nosso resultado em negativo, ou seja, numa queda acumulada nos oito primeiros meses desse ano em termos de exportações medidas em dólares", comentou Priscila Linck, economista e coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados. E não é só essa queda no faturamento que preocupa o setor calçadista. Mas também mudanças na rota de exportações. Os EUA são o mercado número 1 do Brasil. A Argentina, o número 2. E o Paraguai, o terceiro maior comprador. Ao todo, os calçados brasileiros são vendidos para mais de 160 países. Em meio às dificuldades com os americanos, o medo é que esta produção encolha ainda mais por causa de um concorrente. A China também está em busca de novos parceiros comerciais. E pode abocanhar uma boa fatia do mercado que interessa à indústria brasileira. É o que vem acontecendo até dentro do país. Em agosto, os chineses venderam 492 mil pares de calçados para o Brasil. 41% a mais do que em agosto de 2024. "A gente acaba tendo tanto no mercado interno quanto em outros mercados, tendo que concorrer com o produto que muitas vezes entra com um preço médio mais baixo. Então, a gente acaba tendo essa disparidade concorrencial, principalmente, em termos de preço", ressalta Priscila Linck, economista e coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados. Tarifaço afeta duplamente a indústria de calçados do Brasil Reprodução/TV Globo Uma concorrência difícil até para quem o tarifaço não afetou, como uma fábrica de calçados infantis de Birigui, interior de São Paulo. Ela não vende para os Estados Unidos. Prioriza países da América do Sul e da África, sem ficar refém de um só mercado. E acredita que a receita contra a crise é apostar em criatividade, design e qualidade dos produtos para enfrentar, inclusive, a principal vantagem chinesa. "Na verdade, é só uma competitividade de preço imposta pelo mercado asiático. Então, a gente tem outros diferenciais para poder se sobressair nessa briga quase que desleal, vamos dizer assim", diz Rodrigo Nunes Esteves, gerente de exportação.

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/09/15/tarifaco-atinge-industria-de-calcados-do-brasil-dentro-e-fora-do-pais.ghtml


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