Setores do agro na região de Ribeirão Preto e Franca dizem que taxação de Trump inviabiliza negócios

  • 10/07/2025
(Foto: Reprodução)
Café, carne bovina, laranja e etanol estão entre cadeias afetadas. Especialista destaca queda nas exportações, valorização do câmbio, inflação e desemprego como efeitos no Brasil. Entidades avaliam impactos de tarifas dos EUA na produção da região de Ribeirão Preto, SP O anúncio da tarifa de 50% para produtos brasileiros feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou repercussão na região de Ribeirão Preto e Franca em diferentes cadeiras produtivas, principalmente no agronegócio. Na região, café, carne bovina, etanol, laranja estão entre os setores que podem ser duramente afetados a partir de 1º de agosto, que é quando a medida passa a valer. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Em nota, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) declarou que as tarifas adicionais vão impactar negativamente toda a cadeia produtiva exportadora e que não existem justificativas econômicas para a medida, que agora precisa ser debatida. A Unica, entidade que representa o setor sucroalcooleiro, calcula que as exportações de etanol tenham alcançado R$ 665 milhões em negócios apenas no estado de São Paulo. “Essa taxa inviabiliza os negócios do Brasil com os EUA. Isso impacta 12% da movimentação do país em termos de exportação e certamente nós temos uma cadeia, um é cliente é do outro. Isso vai impactar nossos negócios em 12%, no mínimo. É um alerta para nós olharmos a economia do país e o impacto que essas tarifas têm para todos os nossos negócios”, afirma Libânio Carlos de Souza, vice-presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise BR). Notas de 5 e de 20 dólares dólar exportação Reprodução/EPTV LEIA TAMBÉM: Trump determina investigação comercial contra o Brasil; entenda o que é Em carta a Lula, Trump anuncia tarifa de 50% sobre produtos brasileiros Ministério do Comércio Exterior diz que estava negociando com os EUA e não esperava aumento de tarifas Bloqueio e prejuízo Atualmente, em número de parcerias comerciais com o Brasil, os Estados Unidos só ficam atrás da China. O café brasileiro, por exemplo, é um dos produtos mais exportados para os norte-americanos. Entre janeiro e junho deste ano, cerca de um bilhão de dólares foram movimentados, segundo dados oficiais do Comércio Exterior. Já com relação ao suco de laranja, quase 42% da produção nacional foi comprada pelos Estados Unidos na última safra. A soma das transações chega a cerca de um bilhão de dólares. Café é um dos produtos brasileiros mais exportados para os Estados Unidos Reprodução/EPTV O diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos avalia a situação com cautela. Segundo Ibiapaba Netto, 50% a mais de taxa sobre o produto indicam a perda de um mercado difícil para se substituir. “Um dos problemas de tentar redirecionar esse suco, por exemplo, à Europa, que é um grande consumidor de suco do Brasil, com 52% de participação, é que você vai inundar esse mercado com suco acima da demanda daquele mercado. Isso, pela lei da oferta e da demanda, vai fazer com que haja uma depreciação do valor desse produto que gera mais uma vez prejuízo para essa cadeia de valor”, diz. Libânio afirma que a medida é como um bloqueio ao Brasil, já que os produtos deixam de ser competitivos no mercado americano. “Os produtos que vendemos trabalhamos com uma taxa muito baixa, então no momento que você coloca 50%, a gente não vai ter margem para poder concorrer com as outras alternativas de outros países. É como se fosse um bloqueio, porque não vai ter condição de concorrer no mercado americano com 50% de taxa.” Suco de laranja Getty Images via BBC Impactos do embate comercial Na avaliação do consultor em agronegócio José Carlos de Lima Júnior, a política de embates comerciais envolvendo o governo Trump não é nova. De 2017 a 2021, o republicano travou uma batalha com a China, o que voltou a acontecer em seu segundo mandado com consequências a outros países, inclusive da Europa. “O ideal seria a gente respeitar as relações internacionais de comércio e não ter nenhum tipo de atrito tarifário (...) Agora, nesse segundo governo em 2025, ele está direcionando não só para os BRICS, mas a outros países, também a parceiros tradicionais, como é o caso da Europa e do próprio Canadá”, diz. O aumento dos preços impacta a cadeia logística, de acordo com Lima Júnior. É que para chegar ao consumidor, o produto agrega outros custos, como o seguro, tornando o frete ainda mais caro. O consultor elenca três pontos delicados para a economia brasileira: Queda nas exportações: “Temos uma situação em que é provável que a gente tenha que diminuir a venda dessa mercadoria para poder caber no valor final que o comprador estaria disposto a pagar. Na prática, exportaríamos menos, o que impactaria, em um primeiro momento, a balança comercial do Brasil.” Valorização do câmbio: “Vendendo menos, receberíamos menos dólares, o que acaba ocasionando a valorização do câmbio aqui dentro. E o cambio mais caro acaba encarecendo os principalmente produtos importados. Num terceiro movimento poderia gerar inflação para o país.” Desemprego: “Os postos de trabalho acabam sendo a última parte da consequência, porque a partir do instante em que você tem uma empresa que produz e ela vai passar a exportar menos pelo custo tarifário, automaticamente ela vai ter que rever o tamanho da produção e isso significa rever os postos de trabalho que ela necessita para poder entregar o volume.” O vice-presidente do Ceise BR afirma que empresas já frearam os planos de expansão nos EUA. Ele avalia que a negociação entre os governos para se chegar a uma solução equilibrada é determinante. “O brasileiro não é um país de enfrentar, nós somos um país pacífico. Nós vamos negociar. É uma medida de força que foi tomada, a gente deve negociar e chegar a um denominador comum que possa permitir a gente continuar essa relação de comércio com os EUA que vem de longa data. Eu acho que o Brasil serve bem os americanos e eles vão querer de alguma forma que isso seja resolvido”, afirma Libânio. Presidente dos EUA, Donald Trump WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/07/10/setores-do-agro-na-regiao-de-ribeirao-preto-e-franca-dizem-que-taxacao-de-trump-inviabiliza-negocios.ghtml


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