Tesla é condenada em US$ 243 milhões por acidente fatal com piloto automático
01/08/2025
(Foto: Reprodução) Tesla Model S
divulgação/Tesla
Um júri da Flórida decidiu nesta sexta-feira (1º) que a Tesla tem responsabilidade por um acidente fatal ocorrido em 2019 envolvendo um Model S com o sistema de piloto automático, chamado de Autopilot. A montadora foi condenada a pagar US$ 243 milhões às vítimas.
Os jurados, em um tribunal federal de Miami, concederam à herança de Naibel Benavides Leon e ao ex-namorado dela, Dillon Angulo, US$ 129 milhões em indenizações compensatórias e outros US$ 200 milhões em danos punitivos, conforme o documento do veredicto.
“A Tesla desenvolveu o Autopilot para uso exclusivo em rodovias de acesso controlado, mas optou por não limitar sua aplicação em outras vias, enquanto Elon Musk afirmava publicamente que o sistema dirigia melhor do que os humanos”, disse Brett Schreiber, advogado das vítimas, em comunicado.
“O veredicto de hoje representa justiça pela morte trágica de Naibel e pelas sequelas permanentes sofridas por Dillon”, acrescentou.
Os autores da ação solicitavam US$ 345 milhões. Segundo os advogados, este foi o primeiro julgamento relacionado à morte de uma terceira pessoa por negligência atribuída ao Autopilot. A Tesla afirmou que irá recorrer.
“O veredicto de hoje é errado e apenas atrasa os avanços na segurança automotiva, além de colocar em risco os esforços da Tesla — e de toda a indústria — em desenvolver e implementar tecnologias que salvam vidas”, disse a empresa.
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Impactos em casos futuros
A Tesla já foi alvo de vários processos semelhantes envolvendo a tecnologia de direção autônoma de seus veículos, mas a maioria foi encerrada ou arquivada antes de ir a julgamento.
Em junho, um juiz negou o pedido da Tesla para encerrar o processo na Flórida. Especialistas apontam que o veredicto desta semana pode estimular novas ações judiciais e aumentar o custo de acordos futuros.
“É um marco relevante”, disse Alex Lemann, professor de Direito da Universidade Marquette. “Esta é a primeira vez que a Tesla é condenada em um dos inúmeros casos fatais relacionados à sua tecnologia de piloto automático.”
O veredicto também pode dificultar os esforços de Elon Musk, atualmente o homem mais rico do mundo, para convencer investidores de que a Tesla pode liderar o mercado de direção autônoma — tanto em veículos particulares quanto em robotáxis, cuja produção está prevista para o próximo ano.
No mês passado, a Tesla teve a maior queda trimestral de vendas em mais de dez anos, e o lucro ficou abaixo das expectativas de Wall Street. As ações da companhia recuaram 1,8% nesta sexta-feira e acumulam uma desvalorização de 25% no ano.
Como o acidente aconteceu
O julgamento tratou de um acidente ocorrido em 25 de abril de 2019, quando George McGee conduzia seu Model S a aproximadamente 100 km/h e atravessou um cruzamento, colidindo com um Chevrolet Tahoe estacionado no acostamento, onde estavam as vítimas.
McGee teria se abaixado para pegar um celular que caiu no chão do veículo e, segundo relatos, não recebeu qualquer alerta antes de avançar um sinal de parada e um semáforo, colidindo com o SUV onde estavam as vítimas.
Naibel Benavides Leon foi arremessada a cerca de 23 metros e morreu no local, enquanto Angulo teve ferimentos graves.
“Temos um motorista que não agiu de forma ideal, e ainda assim o júri concluiu que a Tesla teve responsabilidade no acidente”, disse Philip Koopman, professor de engenharia da Universidade Carnegie Mellon e especialista em tecnologia autônoma.
“A única maneira de o júri ter decidido contra a Tesla foi identificando uma falha no software do Autopilot”, acrescentou. “Isso é relevante.” Em comunicado, a Tesla declarou que McGee foi o único responsável pelo acidente.
“Para deixar claro, nenhum carro em 2019 — e nenhum atualmente — teria evitado esse acidente”, afirmou a empresa. “Nunca se tratou do Autopilot; foi uma narrativa criada pelos advogados das vítimas, culpando o veículo quando o motorista — desde o início — admitiu e assumiu a responsabilidade.”
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